quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A contadora de histórias


A personagem desse post vai ser revelada de um jeito diferente. Conheça um pouco da história de Dona Chiquinha no nosso primeiro podcast e nas fotos 3x4 abaixo:

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Se não tem mar...[parte III]


Com jeito fanfarrão e risada escrachada, Arlindo Luiz, pseudônimo do Capelão - dono do bar mais esdrúxulo e embriagante de Viçosa, é o personagem do retrato ao lado.
O apelido, que não lhe convém - diga-se de passagem, foi herdado do pai, Vicente Martins Paiva, então Capelão em Viçosa. De família numerosa, ele é o caçula de 12 irmãos, todos sérios e religiosos...
Mas, como toda família sempre tem uma “ovelha-negra”, Capelão achou que a alcunha lhe caia bem e, sendo assim, não se importou em ser o mais inebriante e performático dos irmãos... “Tenho simpatia, e isso basta”.
Aos 13 anos, Capelão resolveu sair às ruas da então pacata Viçosa, para desbravar alguma oportunidade de trabalho. Ele sentia em seu âmago que não levava jeito para o estudo e muito menos para um trabalho sério.
Foi então que dando viço aos sapatos dos moços universitários, ele conseguiu por um tempo se arranjar. Além de angariar um dinheirinho, a profissão lhe fez pressentir sua verdadeira vocação: servir as pessoas e principalmente fazer amigos!
A foto da carteirinha de engraxate, que o legalizava perante a prefeitura e permitia que um garoto de 13 anos trabalhasse, não lembra, nem de longe, a atual figura pitoresca do folclore Viçosense, a quem os amigos boêmios o chamam de “doido permanente”.
Ainda preocupado com o futuro do filho, que não rendia tanto assim engraxando os sapatos, Vicente, pai de Capelão, resolveu por abrir um bar, na garagem de sua casa, para que seu caçula pudesse render e quem sabe, se manter sozinho. Com então 14 anos, e já fã de uma cachacinha, Capelão fez sucesso entre os seus... Numa festa promovida por ele, que já tinha tino para o negócio do entretenimento, elaborou uma mistura de drinks que fez seus colegas voltarem pra casa ao raiar do dia, com as pernas trançando.
- “Foi um fuzuê! Era um tal de mãe vindo reclamar comigo! Meu pai não gostou e mandou eu fechar o bar!”
Depois de um tempo, lá estava ele de novo, juntando as moedas e abrindo na PH Rolfs, o Bar Capelão, sucesso absoluto entre os universitários, que viam nele mais que um dono de bar, mas um conselheiro, um amigo mesmo. Porém, de novo ele foi obrigado a se deslocar. A “tal expansão” por que Viçosa passa a uns 10 anos, fez o dono do ponto-comercial reivindicar o local para uma construtora, que ergueu lá mais um prédio desengonçado.
Mas não pense que os estudantes o abandonaram! Pelo contrário, migraram junto com ele para onde hoje o bar se aloca, na rua Padre Serafim. São muitas festas de estudantes promovidas ali, e, existe inclusive, uma agenda com reserva da área de festa do bar, que está em constante reforma.
Enfim... Capelão é pitoresco não só porque bebe com seus clientes e compartilha das prosaicas conversas de bêbado, mas também e, principalmente, porque em uma das paredes trincadas do bar pende um quadrinho com uma foto, típica de pré-primário. Ele, com ar de bom-comportamento sentado em uma mesa amadeirada, com uma placa reluzindo seu nome, escola e série... A então, 4º série do Ensino Fundamental, formação que ele heroicamente consegui, depois de levar 8 reprovações. “Eu mexo bom bar porque não quis saber de estudar não e meu pai me achava retardado, mas eu não sou não.”

***
Hoje Capelão continua cativando amigos em seu bar, sempre contando algum causo com seu jeito irreverente e bonachão de ser. Mas para garantir o pão da família, ele tem 2 filhos, e não deixar que todos freqüentadores virem amigo e bebam de graça, ele conta com a ajuda de sua esposa - “mulher brava”- como ele a chama, que prepara os quitutes e toma conta do caixa.
PS.: Capelão tem uma comunidade no site de relacionamento do orkut, seus fãs somam 324 pessoas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Se não tem mar... [parte II]


De terça a domingo ele entra no bar às 10 da noite e só sai na manhã do dia seguinte. E mesmo na segunda, quando o bar não abre, ele está lá. Essa é a rotina de José Duarte Faria, o Leão, há quase 30 anos, desde que abriu um dos mais tradicionais bares da cidade. O Bar do Leão no início não era mais que um boteco e “tinha o tamanho de um corredor”. Ele foi aberto em 1979, após uma temporada que Leão passou em São Paulo, morando com uma tia no bairro da Liberdade e trabalhando como vendedor de livros e enciclopédias (desses que batem de porta em porta). Cansado de bater perna ele voltou pra Viçosa, sua cidade natal, logo se casou e abriu o bar, que foi ampliando aos poucos. Ali dentro presenciou diversas histórias e já viu muitos chegarem com a cabeça raspada e irem embora de Viçosa com o diploma na mão. Mas sempre tem aquele que volta, depois de dez, quinze anos, pra mostrar pra esposa e pros filhos esse lugar, que guarda um pedaço da vida acadêmica (por que não?) de quase todos os alunos da UFV. Tanto que ele já foi homenageado pelos formandos em duas ocasiões. A relação com os fregueses costuma ser boa, “difícil é quando tem essas festas de freezer aberto, -ai, Meu Deus!- aí dá muito bêbado”. Mesmo assim ele acha que hoje as pessoas bebem com mais responsabilidade que há algum tempo, “antes o pessoal disputava quem bebia mais, hoje quase não se vê gente embriagada em bar”. Se ele diz...
Agora prefere morar um pouco mais longe, mas por um tempo ele chegou a morar em cima do bar, o que tirava o seu sossego, já que os fornecedores batiam direto na sua porta. Leão, por passar tanto tempo no bar quanto em casa, sempre morou nas redondezas “pra facilitar”, o que mesmo assim não o ajuda a ter muito tempo livre. Quando tem uma folguinha ele gosta de ler, ver tv, assistir filme... só que tudo isso ele troca por algumas horas de sono – durante o dia, já que há anos ele inverteu o dia e a noite. Passando tanto tempo no trabalho não é de se estranhar que, já divorciado de sua primeira esposa, tenha sido enquanto atendia os fregueses que conheceu Tatiane, sua atual esposa e braço direito nos negócios.
-Mas, calma aí, chamando José, de onde vem o Leão?
-É que meus dois avôs eram portugueses, e os dois tinham sobrenome Leão.
Observando os abundantes pêlos faciais que ele ostenta hoje - ao contrário do rosto lisinho da foto, que foi tirada (ele não lembra bem a data) pra carteirinha do clube AEV, Associação Esportiva de Viçosa – ainda resta uma última pergunta:
-Leão, e essa barba, é pra fazer juz ao apelido?
-Não, é que eu tenho alergia à gilete.

***
Hoje Leão tem duas filhas e dois filhos, o mais novo é o único que carrega o sobrenome Leão. Seu desejo agora é se aposentar, quem sabe abrir um restaurante. Vai esperar as filhas formarem pra decidir. Mesmo com vontade de descansar, pensa que talvez demore a se desligar do bar. “Eu já acostumei, né? Eu aposento e venho aqui olhar ele”

sábado, 18 de outubro de 2008

Se não tem mar... [Parte I]


Hélio Roberto de Paula. Viçosense. Técnico em Agropecuária.
Não lhe soa familiar?
Não?
E se dissermos Helinho, dono do bar que serve um dos caldos mais famosos de Viçosa?
Agora sabe não é?!
Pois até pouco tempo atrás ele não atendia se chamado assim. O diminutivo que dá nome ao bar foi o jeito como uma amiga estudante da UFV começou a chamar o dono do então bar “Altas Horas”, aonde ela ia sempre beber. E logo foi assim que os outros freqüentadores começaram a se referir ao lugar. “Vamos no Helinho beber?” se tornou uma frase comum e então não teve jeito: é esse o nome que agora está na placa do estabelecimento.
Antes de ser dono de um dos mais famosos lugares pra se beber em Viçosa, Hélio foi dono do “Mercadinho Santo Antônio”. Onde hoje várias mesas ocupam a calçada, no ano de 1995 os estudantes moradores dos prédios da “Mundial” compravam frutas e legumes para prepararem suas refeições. Com o crescimento da cidade e aumento do número de hortifrutis com preços bastante competitivos, era preciso procurar algum diferencial. E foi assim que o “Mercadinho Santo Antônio” passou a vender também petiscos e bebidas. No ano 2000 as frutas foram deixadas de lado de vez e o bar “Altas Horas” assumiu o seu lugar, passando a se chamar “Helinho” pouco depois.
Hélio não sonhava em ter um negócio próprio. Nascido e criado em Viçosa, foi estudar no no Centro de Ensino e Deselvolvimento Agrário de Florestal, ligado à UFV, onde se formou técnico em agropecuária. Especialista em cavalos árabes, trabalhou por anos em haras de várias cidades de Minas Gerais, até que em 1995 precisou voltar à Viçosa devido a problemas de saúde de seu pai. Comprou o mercadinho da esquina entre a Rua Feijó Bhering e a Rua dos Estudantes, fez mudanças ao longo dos anos e conquistou uma clientela fiel composta por 90% de estudantes e professores da UFV. O resto da história ele deixa pra contar num mural de fotos que planeja afixar na parede do bar...

***
Pode chamar de Hélio ou de Helinho, que ele vai atender. Mesmo tendo recebido diversos convites pra voltar a atuar como técnico em agropecuária, hoje ele não pensa em largar o bar. Oferecer um lugar descontraído, barato e onde amigos possam se encontrar para dividir uma cerveja ou tomar um caldo de feijão continua nos seus planos.


Antes de ser Helinho:


Trilogia do bar

"Se não tem mar, vamos pro bar!" é um ditado que assume em Minas sua força máxima.
E em Viçosa não tem como escapar, porque, como em toda cidade universitária, ele se une ao já tradicional "No Aula, Yes Bar".
E é por isso que resolvemos contar aqui a história de três célebres figuras da cidade: três donos de bares que dividem o apelido com seus estabelecimentos.
O apelido deles não tem como não saber. Você talvez já tenha chamado um deles de amigo (provavelmente acompanhado de um "me vê uma cerveja"). Quem sabe entre uma dose e outra já não tenha até contado uma de suas desilusões amorosas, ou reclamado da nota da última prova?
Agora é você quem vai saber um pouco da história desses que trazem tantas alegrias a estudantes, professores ou qualquer um que aprecie uma cerveja gelada, um tira-gosto e um bom papo de boteco.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

"Mire na lua. Mesmo que você erre, cairá entre as estrelas"



Wellison Silva representa o parodoxo da mineiridade. Fala pouco, é moderado. Mas a brandura fica de lado, quando pra erguer peso é convocado...

Foi assim, quando a um mês do início dos jogos Olímpicos de Pequim a Confederação Olímpica Brasileira decidiu-se por ele. De malas prontas, faltava a foto para a inscrição. Pois é, não se trata da foto ao lado, mas bem que poderia ser. Pedimos a ele a foto do crachá utlizada dentro da Vila Olímpica, mas o que veio foi a foto tirada pqra outra competição, em 2007. A do crachá, está guardada em algum lugar junto das coisas "Made in China".
Nascido no dia 22 de Novembro de 83, esse viçosense de apenas 1,60 metros e 69 kilos ergue mais que o dobro de seu peso. Sabe-se lá de onde ele tira tanta força - "é muita da técnica", ele diz.
Seja como for, Wellison não vislumabrava ser um pesista, muito menos Olímpico. Queria mesmo era ver a redonda rolando pelo gramado. O sonho era tanto, que ele entrou numa furada. Junto com uma amigo, foi ludibriado por um empresário, que lhes prometeu um grande clube de futebol do Rio de Janeiro.
De volta aos gramados da Educação Física-UFV, onde sempre jogava uma pelada com os amigos, foi avistado por Maria Elisabeth Jorge (a Beth), ex-levantadora de peso Olímpica, que encheu os olhos com o porte físico daquele ainda menino.
Depois de muito insistir, ela conseguiu angaria-lo para os treinos que comandava. Desde então, o pai do Andrei, de três aninhos, treina religiosamente, mesmo com todas as dificuldades de um esporte pouco conhecido no país. "Falta verba, falta apoio" - ele diz.
E de treino em treino, superando os obstáculos, Wellison teve o gostinho único de estar em uma Olímpiada. Sua participação não foi das melhores, mas ele não se preocupa com isso, e continua ralando muito pelo esporte.
De segunda a sexta, acorda às 6 da matina e se direge ao colégio em que estagia. Depois do almoço reforçado, caminha até o ginásio que hoje, depois das Olímpiadas, foi melhor equipado. Depois de muito suor e de inúmeras caretas, feitas devido ao esforço para levantar tanto peso, ainda sobra animo para se dirigir à Ubá, cidade à 2 horas de Viçosa, onde cursa Educação Física.
É, ele tem mesmo fôlego de campeão!
***
ps.: O título do texto é uma frase retirada do perfil de Wellison no site de relacionamentos do Orkut. Ela simboliza a grandeza de quem sabe que os tombos fazem parte da vitória.




Fotos do Wellison em Pequim:


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Identidade


Nome: Zuleika de Andrade Câmara.
Naturalidade: Fortaleza, CE.
Data do nascimento: 24/08/1960

Essas informações e essa foto foram tiradas de uma identidade feita na época em que identidade se tirava assim que se fazia 18 anos. Nem mais, nem menos. Ter uma carteira de identidade era, junto com o título de eleitor, um dos primeiros passos rumo à vida adulta. Apesar de que, olhando para trás, ela acha que ainda não era tão adulta assim naquela época. “Não como você, ou minha filha, quando tinham essa idade. Hoje está tudo mais informatizado, globalizado”.
Mesmo não tendo o hoje indispensável computador, o que não faltava em sua casa era conhecimento. Tendo crescido em um ambiente que valorizava a cultura (seu pai, Cristiano Câmara, além de historiador é um colecionador com um acervo notável) e sendo uma pessoa de poucos amigos, desenvolveu o gosto pela leitura, que a acompanhou ao longo da vida. Sempre ia bem na escola. Ás vezes nem tão bem assim em matemática. Mas foi graças a essa matéria que ela conheceu um certo rapaz, responsável por ela se lembrar desse período como uma época em que estava apaixonada.
Ricardo era um amigo de sua irmã mais velha, frequentava muito a casa. Foi ela quem se interessou primeiro. Começou lançando olhares. Ele não se manifestava. “Como um cabra feio daquele não olha pra mim?”, ela perguntava pra irmã. No entanto insistia na paquera, afinal ele era um “rapaz muito bom”, valia a pena. Como Zuleika estava tendo dificuldades em matemática ele se ofereceu para ajudá-la. Depois de um tempo, com essa aproximação, o esforço acabou tendo resultados. Ao que tudo indica ele não tinha falta de interesse, era apenas timidez. O namoro prosseguiu, evoluiu, e acabou em casamento alguns anos mais tarde. A ajuda em matemática também rendeu: ela passou de ano, concluiu o 2º grau (ou “colegial”, como era chamado na época) e passou no vestibular de Economia Doméstica, que era o que ela queria fazer.
Os cabelos foram crescendo, a foto ficando mais velha, e hoje há quem duvide que seja mesmo ela aquela mocinha do retrato, apesar do rosto não estar tão diferente assim. Ela lembra do período com carinho, mas sem nostalgia. Com a segurança das pessoas que acreditam que o melhor tempo pra se viver é agora.

***
O casamento não durou para sempre, mas rendeu dois belos frutos: Cristiano e Adriana. Há dois anos namora Mário, que conheceu pela internet. Está em Viçosa fazendo mestrado e acha o povo de Minas muito hospitaleiro, “Só não gosto do frio”.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

De Terno e Apito



Tintureiro. É essa a profissão que com orgulho herdou do pai e começou exercer aos 13 anos. E foi através da profissão que conheceu muitos dos famosos “nomes de rua” da cidade, como os políticos Dr. Milton Bandeira e Fuad Chequer... Tecido Tropical inglês, Panamá e linho Brás Pérola são termos que entraram cedo no vocabulário do menino e não saíram até hoje. São 69 anos dedicados a lavar e passar ternos e o ofício já virou sobrenome: é só perguntar pelo “Deco Tintureiro” que vão saber informar!
Mas dentro de campo a coisa mudava. Manoel Santana, era esse nome que impunha respeito. Podia chamar de “seu juiz” que ele também atendia. Depois de deixar a carreira como atleta por causa de um problema no joelho (foi zagueiro do “Continental” e do “Ferroviário” na juventude), voltou com tudo numa outra posição. Foram mais de 20 anos apitando futebol em toda a região de Viçosa, numa época em que muitos jogos precisavam de reforço policial para impedir que os torcedores agredissem a arbitragem. Com humildade, mas sem modéstia, Deco não tinha o que temer. Era um juiz “enérgico, preparado fisicamente”, segundo suas próprias palavras, e sabia impor o respeito necessário em partidas complicadas (como um dos clássicos da região, Ponte Novense x Barra Longa).
Nas várias fotos que guarda dos anos de arbitragem, muitos dos rostos amigos que aponta não estão mais aqui. Com saudades fala do Professor Peterson, do Departamento de Educação Física da UFV. Grande amigo, o preparador físico foi responsável por convidá-lo para apitar um dos jogos que mais lhe marcou, “LUVE A x LUVE B”, entre os professores da UFV (o jogo foi num campo que não existe mais, onde hoje está o Centro de Vivência, ao lado do Prédio Principal). O ano era 1977, que ele considera o auge de sua carreira como juiz. E é desse jogo a foto ao lado. Á esquerda o Professor Guido, à direita Professor Peterson, e ao centro, nosso juiz.
A elogiada atuação na partida da UFV levou a um convite para apitar o próximo jogo de um time da LUVE, na cidade de Muriaé, contra um time composto por jogadores ‘famosos’, vindos do Rio de Janeiro. A partida foi num estádio de verdade, bem diferente dos campos sem alambrado onde tinha começado... E a casa estava cheia. Teve expulsão de jogador carioca, teve empate e teve penaltis. E ninguém reclamou do juiz.
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Deco encerrou a carreira como juiz em 1994. Hoje, aos 83 anos , dedica-se diariamente à tinturaria e a bater um bom papo com quem se interessar. Guarda com orgulho uma carterinha da Federação Mineira que lhe permite assistir a jogos de graça no Mineirão. Coisa que não faz muito, já que o time do coração é o Fluminense...
No momento, sua maior preocupação é o crescimento de Viçosa. Ele, que faz longas caminhadas com sua bengala observando a cidade, acha que “tanto prédio subindo, e estrutura nenhuma pra suportar”. É a voz da experiência...


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PS: não, a foto não é uma 3x4. Mas é que as vezes, quando o tempo passa, elas se perdem. Isso não faz de seus donos menos merecedores do nosso pequeno espaço.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Participação Especial

Esta que vos escreve foi gentilmente convidada a colaborar com um blog parceiro e o resultado você pode conferir visitando o "Repórteres de Bicicleta":

http://www.reporteresdebicicleta.blogger.com.br/2008_09_21_archive.html

O texto é O casamento, um conto sobre... hum, ele é bem curto, se eu contar estraga. Tá esperando o que? Clica lá, vai! E não esqueça de deixar seu comentário.
P.s. Continue visitando o nosso blog, amanhã tem uma nova história sendo revelada aqui.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Revelando outras paisagens

- “Ficou feia! Tira outra?”
Virgílio Ferreira Milagres não se cansa de ouvir esse pedido. Há 22 anos ele delicadamente ajeita o cabelo, a postura e trata de tirar um sorriso da expressão das pessoas mais diferentes possíveis.
Na foto ao lado, ele era apenas um garoto que pulsava por adrenalina. A velocidade e a sensação que o volante de um carro lhe emprestava, fazia-o ter vontade em guiar as pessoas, através do ronco do motor de um automóvel. Motorista, isso é que vou ser quando crescer-, pensava ele.

Mas antes, era preciso estudar. E não foi por menos que a foto foi tirada. O colégio pedia-lhe um retrato para a carteirinha, e lá foi ele ser imortalizado em um pedacinho de papel, hoje amarelado pelo tempo.
Mas o caminho ainda lhe reservava muitas coisas.
Pra ajudar em casa e também para ter a graninha que possibilitava finais de semanas juvenis na discoteca Cabana Roda, Virgílio trabalhava como garçom na churrascaria Damasco, na época“point” em Viçosa. Ainda foi chão, até se tornar motorista da empresa de transporte União. Ele se prestou a copeiro, padeiro e a auxiliar de fotógrafo da Foto Estudantil.
Foi de lá, entre rolos de filmes fotográficos e salinhas escuras de revelação, que saiu a primeira profissão de que ele se orgulharia verdadeiramente. Com o patrão, Seu Edelson, aprendeu que fotografar era como ser guardião de momentos, instantes valiosos e únicos de alguém. Era, trazer à tona sentimentos que mais tarde, quando se puxasse a foto da carteira, assim como ele fez ao me mostar a dele, se pudesse reviver a história de vida empregada naquela papel.
E foi assim, entre a magia da revelação e o ronco do motor dos ônibus, que Vírgilio seguiu sua história. E da foto de quando tinha 16 anos, ele sorri ao dizer: “ Era tudo ótimo, eu era jovem, é só saudade!”
***
Hoje Virgílio se divide entre o rentável negócio das fotos 3 x 4, naquela lojinha da rodoviária, e os altos morros do bairro Novo Silvestre, para onde dirige o ônibus sempre cheio, num vai-e-vem, também revelador.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A carteirinha

A maioria das pessoas acha suas fotos 3x4 horríveis. Principalmente quando são aquelas que se tira pra algum documento. Sabe aquelas? Que você bate e pronto. Já vão direto pra efêmera posteridade do papel (que dura até o dia em que você esquece a carteira na mesa de um restaurante)... No caso da Universidade Federal de Viçosa vão para o plástico, material em que as carteirinhas são impressas. E é de uma dessas carteirinhas que vem o retrato da nossa última “blogueira”.
Essa é Gabriele Ramos Maciel. Que junto com essa foto passou a ter, além de nome, um número: 55650, sua matrícula. E um código de barras. Só que essa foto é o final da nossa história, que começa antes (mas não tanto assim), em São José dos Campos.
15 de maio de 2006 era pra ser um dia normal para Gabi, como os amigos costumam chamá-la. Estava estudando na Universidade de Taubaté (UNITAU) havia dois meses, já estava adaptada. Ao entrar na Internet descobre que foi chamada pra Universidade Federal de Viçosa. “Como assim? Mas que raios de Lugar é esse?” Tinha feito a prova por sugestão da professora, mas sem nenhuma pretensão. Agora estava lá, procurando “Viçosa” no orkut, tentando decidir o que fazer da vida. Sonhava com a USP.
Acabou passando na UFV. Hoje ela até diz que talvez tenha sido melhor assim. Não era o que pensava na época.
Gabi não queria vir. Entrou em desespero, não sabia o que fazer. O pai disse que ela ia. Ela mesma não tinha tanta certeza. Fez uma oração. A cabeça ainda confusa. Queria sua casa, pai, mãe, seus cinco irmãos... Sem falar do namorado. Quatro meses recém completos. O que fazer? A) Terminar tudo antes de ir pra Viçosa B) Ir pra Viçosa e depois terminar tudo ou C) Continuar juntos apesar dos 558 Km de distância.

Era melhor pensar nisso depois. A matrícula é amanhã e "ele não atende a &*!%# desse telefone!" Foi para a rodoviária apenas com os pais e não se despediu de mais ninguém. Hoje ela ri ao contar, mas foi só entrar no ônibus que as lágrimas começaram a inundar o rosto.

Chegando em Viçosa veio a decepção. A cidade era mais feia do que tinha imaginado. Estava cansada, a sua reserva do hotel era só a partir do meio dia, e nem eram 7 ainda. O pão de queijo da padaria não ajudou a melhorar o seu humor. Dormiu do jeito que pôde no sofá da recepção e seguiu para a Universidade com o rosto ainda inchado pelo choro e os cabelos desalinhados. “É, até que aqui não é tão feio assim”. Depois de devidamente matriculada segue para uma minúscula salinha, onde se senta em frente a uma parede branca, num pequeno tamborete de madeira, pra tirar aquela que ela considera a foto mais importante de sua vida.

E isso nos traz de volta ao nosso retrato.

Sim, ela faz parte da maioria, e sim, acha essa foto horrível. Mas algumas lembranças é bom ter sempre guardadas no bolso.


***
Gabriele continua na UFV, e está cursando atualmente o sexto período do curso de jornalismo. Depois do primeiro período, que é sempre o mais difícil, já tinha se acostumado. Vai pra casa sempre que dá, o que não é muito, e hoje até acha Viçosa bonitinha. Em 10 de janeiro de 2009 ela e Leandro completarão 3 anos de namoro semi-presencial.
Já refez sua carteirinha duas vezes. Em nenhuma delas quis trocar a foto.


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Pensamentos


Um dia qualquer; dezembro de 1998. Essa menininha aí da foto ia pela rua, pronta pra tirar uma 3 x 4.
Ela podia esta
r pensando em mil coisas. No apartamento novo no Centro, para onde se mudara. Era mais perto da casa da avó e dos primos, o que era bom, mas deixar a casa antiga, com quintal e piscina, não era fácil...
Pode ser que pensasse também no presente que queria ganhar de Natal: um VH
S dos Backstreet Boys! “Everybody... Rock your body...”. Aquela coreografia era de enlouquecer, não é? E com as aulas de inglês que ela começara no ano anterior ia deixar o ‘embromation’ de lado e cantar de verdade.
Se não pensava no Natal que viria, talvez pensasse nas férias de julho que passaram. Sua primeira viagem longa sem os p
ais. Foi com a avó e o padrinho para Palmas, acompanhar o nascimento do primo. E não é que o bebê era a coisa mais fofa do mundo? Ela, que já havia perdido as esperanças de deixar de ser filha única, ficou babando.
1999 já estava qu
ase chegando, e a mudança de escola a assombrava um pouquinho. Ia para uma escola particular. De freiras. Estudar de manhã. Mudanças demais! A atual rotina de dormir e acordar tarde e brincar na rua pela manhã ia ser abandonada.
Apesar de toda essa mudança, ela provavelmente não pensava no vestibular. Ela sabia o que queria ser quando crescesse, não tinha dúvidas, mas é que não se pensa muito nisso aos 10 anos, certo? Ela seria veterinária e dona de videolocadora (numa sociedade com o primo e companheiro no aluguel de filmes e fitas de videogame). O tombo que levou de um cavalo do sítio e as lembranças da coelhinha de estimação que fugiu pelo portão esquecido aberto não a convenciam de que talvez não fosse boa com os animais...


***
A tal menininha é a Mariana Azevedo. 10 anos depois dessa 3 x 4, ela não é tão ‘inha’ assim, como seu 1,75m não deixam mentir. Ela continua morando em apartamento, mas ainda não se acostumou com a falta de quintal. O presente de Natal de 1998 foi mesmo uma fita dos Backstreet Boys, que quase furou de tanto ser vista e hoje ela não sabe onde está. Férias de julho em Palmas ainda é uma de suas coisas favoritas, mas agora ela não precisa mais babar em cima dos primos: em 2000 nasceu a Júlia, que ganhou o posto de “bebê mais fofo do mundo”. A medicina veterinária foi esquecida em favor do jornalismo, mas ter uma videolocadora ainda está em seus planos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


Adivinhe só?

As primeiras personagens e suas fotos 3 x 4 seremos nós mesmas: as donas do Blog em questão! Nos dispusemos a nos retratar, escancarando ao nosso público-leitor as particularidades contidas em nossas fotos, num desejo que os próximos convidados se sintam a vontade em expor sua foto e a história nela encerrada, visto que nos mesmas já teremos feito isso antes. Então vamos lá!
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Reflexos da infância

A expressão serena continua a enfeita-lá, mesmo tendo se passado 10 anos da idade que ela tinha na foto ao lado.
Porém, a feição infantil foi embora. Agora com 20 anos, Mônica deseja outras possibilidades para seu futuro. A vontade de ser professora, e assim dividir o saber - como fazia com os primos- não é mais nítida.
Em 1998, quando a foto foi tirada, a nossa personagem era uma sonhadora. Alimentava o desejo de ser jogadora de vôlei, já que era a "alta do colégio". O esporte lhe cativou verdadeiramente durante as aulinhas no clube da cidade de Viçosa. Dá idéia em virar jogadora só sobrou a foto 3x4, tirada justamente para fazer a carteirinha do clube.
Outras impressões ficaram da conversa sobre a foto: seus dentes eram separados (depois de longos 4 anos eles fechararam a janelinha), a moda pedia arquinhos nos cabelos, e o Piu-Piu estava no auge. Além do mais, Mônica vivia a pré-adolescência, e por isso mesmo era hostil com os meninos. Vivia sempre com a patota, que se restringia a 5 meninas, hoje ligadas através somente do mundo virtual.
A menina da foto, queria "crescer", fazer parte da elite que estudava pela manhã...Passar para a quinta série demarcaria duas coisas: aulas pela manhã e o pulo para a fase que vislumbraria verdadeiramente alguma maturidade - afinal com apenas 10 anos Mônica já carregava uma grande responsabilidade: era tia. Seu sobrinho, Amaury, então com 1 ano de vida, ainda é seu "xodozinho".
O Brasil da época, não era muito diferente do que é hoje. Afinal, o futebol brasileiro sofria a derrocada contra a França na Copa de 98, ou seja, o futebol não havia sido muito diferente do que foi na última Olimpíadas, não é?
Ao final do bate-papo, Mônica relatou três sensações que sua foto lhe transparece: "sua infância foi normal e feliz, seu nariz era bunitinho (hoje, segundo ela, é grande), e a recordação de uma viagem à Guarapari, lugar aonde ela adiquiriu a blusa de Piu-Piu que veste no retrato.

domingo, 31 de agosto de 2008

Pequeno Começo

Nosso primeiro post...
Ainda um pouco perdidas na blogosfera, tentamos encontrar nosso lugar partindo de uma idéia bem simples: contar histórias. E essa idéia veio de um prazer comum, dividido pelas três “donas” desse endereço: ouvir. Ouvir casos, ‘fofocas’, histórias, e matar a curiosidade que nos faz perguntar quem são as pessoas que nós vemos na rua, que atravessam a faixa de trânsito conosco, com quem topamos na fila do mercado...enfim, as pessoas com quem dividimos o planeta e de quem sabemos tão pouco!
A idéia inicial é partir das tão mal-faladas fotos 3 x 4, que todo mundo tem mas quase ninguém gosta de mostrar. Fotos antigas, fotos novas, que vão para a carteira de identidade, que vão para a carteira do namorado, ou que ficam esquecidas na gaveta por anos e anos... Mostrar as histórias por trás daqueles rostos sérios, sorridentes, cansados...
É isso, o “Pequenos Retratos” começou!