quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Revelando outras paisagens

- “Ficou feia! Tira outra?”
Virgílio Ferreira Milagres não se cansa de ouvir esse pedido. Há 22 anos ele delicadamente ajeita o cabelo, a postura e trata de tirar um sorriso da expressão das pessoas mais diferentes possíveis.
Na foto ao lado, ele era apenas um garoto que pulsava por adrenalina. A velocidade e a sensação que o volante de um carro lhe emprestava, fazia-o ter vontade em guiar as pessoas, através do ronco do motor de um automóvel. Motorista, isso é que vou ser quando crescer-, pensava ele.

Mas antes, era preciso estudar. E não foi por menos que a foto foi tirada. O colégio pedia-lhe um retrato para a carteirinha, e lá foi ele ser imortalizado em um pedacinho de papel, hoje amarelado pelo tempo.
Mas o caminho ainda lhe reservava muitas coisas.
Pra ajudar em casa e também para ter a graninha que possibilitava finais de semanas juvenis na discoteca Cabana Roda, Virgílio trabalhava como garçom na churrascaria Damasco, na época“point” em Viçosa. Ainda foi chão, até se tornar motorista da empresa de transporte União. Ele se prestou a copeiro, padeiro e a auxiliar de fotógrafo da Foto Estudantil.
Foi de lá, entre rolos de filmes fotográficos e salinhas escuras de revelação, que saiu a primeira profissão de que ele se orgulharia verdadeiramente. Com o patrão, Seu Edelson, aprendeu que fotografar era como ser guardião de momentos, instantes valiosos e únicos de alguém. Era, trazer à tona sentimentos que mais tarde, quando se puxasse a foto da carteira, assim como ele fez ao me mostar a dele, se pudesse reviver a história de vida empregada naquela papel.
E foi assim, entre a magia da revelação e o ronco do motor dos ônibus, que Vírgilio seguiu sua história. E da foto de quando tinha 16 anos, ele sorri ao dizer: “ Era tudo ótimo, eu era jovem, é só saudade!”
***
Hoje Virgílio se divide entre o rentável negócio das fotos 3 x 4, naquela lojinha da rodoviária, e os altos morros do bairro Novo Silvestre, para onde dirige o ônibus sempre cheio, num vai-e-vem, também revelador.

8 comentários:

Unknown disse...

Que demais o Sr. Virgílio! Otima historia! nada como ter vontade e correr em busca do que se quer!
Gostei deste trecho: "fotografar era como ser guardião de momentos, instantes valiosos e unicos de alguem"!
é exatamente por isso que adoro as fotos e não os filmes!

Abraços, Beijos e Saudações!

Unknown disse...

nossa ia destacar a msm parte do texto! concordo completamente, fotografar é uma arte!
parabéns pelo blog meninas!

Ana Paula Nunes disse...

Gostei da história!!!!

Anônimo disse...

nuss.. eu tava pensando..quantas histórias estas pessoas q tiram fotos não tem né mesmo...umas que eles escutam..outras que imaginam..
bjs meninas!

Carlos d'Andréa disse...

Fótografo e motorista? Que personagem... Gostei do post! abs, Carlos

Unknown disse...

A questão é: VC DEVOLVEU A FOTO DO SR. VIRGILIO?!?!
euhaahauhahuuhha

Anônimo disse...

mas que proposta interessante, hein, gabi! :)

diri disse...

Gabi! Demais seu blog! Sempre leio, mas lá do meu trabalho eles bloqueiam a página de comments!
Adorei a idéia, as fotos e tudo o mais! Tem um autor, o Boris Kassoy, que escreve varios livros sobre fotografia... em um deles ele fala da importancia da foto de estudio no fim XIX e começo do XX, talvez voce se interessasse! Quando achar certinho a referencia te passo!

besoss