quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A contadora de histórias


A personagem desse post vai ser revelada de um jeito diferente. Conheça um pouco da história de Dona Chiquinha no nosso primeiro podcast e nas fotos 3x4 abaixo:

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Se não tem mar...[parte III]


Com jeito fanfarrão e risada escrachada, Arlindo Luiz, pseudônimo do Capelão - dono do bar mais esdrúxulo e embriagante de Viçosa, é o personagem do retrato ao lado.
O apelido, que não lhe convém - diga-se de passagem, foi herdado do pai, Vicente Martins Paiva, então Capelão em Viçosa. De família numerosa, ele é o caçula de 12 irmãos, todos sérios e religiosos...
Mas, como toda família sempre tem uma “ovelha-negra”, Capelão achou que a alcunha lhe caia bem e, sendo assim, não se importou em ser o mais inebriante e performático dos irmãos... “Tenho simpatia, e isso basta”.
Aos 13 anos, Capelão resolveu sair às ruas da então pacata Viçosa, para desbravar alguma oportunidade de trabalho. Ele sentia em seu âmago que não levava jeito para o estudo e muito menos para um trabalho sério.
Foi então que dando viço aos sapatos dos moços universitários, ele conseguiu por um tempo se arranjar. Além de angariar um dinheirinho, a profissão lhe fez pressentir sua verdadeira vocação: servir as pessoas e principalmente fazer amigos!
A foto da carteirinha de engraxate, que o legalizava perante a prefeitura e permitia que um garoto de 13 anos trabalhasse, não lembra, nem de longe, a atual figura pitoresca do folclore Viçosense, a quem os amigos boêmios o chamam de “doido permanente”.
Ainda preocupado com o futuro do filho, que não rendia tanto assim engraxando os sapatos, Vicente, pai de Capelão, resolveu por abrir um bar, na garagem de sua casa, para que seu caçula pudesse render e quem sabe, se manter sozinho. Com então 14 anos, e já fã de uma cachacinha, Capelão fez sucesso entre os seus... Numa festa promovida por ele, que já tinha tino para o negócio do entretenimento, elaborou uma mistura de drinks que fez seus colegas voltarem pra casa ao raiar do dia, com as pernas trançando.
- “Foi um fuzuê! Era um tal de mãe vindo reclamar comigo! Meu pai não gostou e mandou eu fechar o bar!”
Depois de um tempo, lá estava ele de novo, juntando as moedas e abrindo na PH Rolfs, o Bar Capelão, sucesso absoluto entre os universitários, que viam nele mais que um dono de bar, mas um conselheiro, um amigo mesmo. Porém, de novo ele foi obrigado a se deslocar. A “tal expansão” por que Viçosa passa a uns 10 anos, fez o dono do ponto-comercial reivindicar o local para uma construtora, que ergueu lá mais um prédio desengonçado.
Mas não pense que os estudantes o abandonaram! Pelo contrário, migraram junto com ele para onde hoje o bar se aloca, na rua Padre Serafim. São muitas festas de estudantes promovidas ali, e, existe inclusive, uma agenda com reserva da área de festa do bar, que está em constante reforma.
Enfim... Capelão é pitoresco não só porque bebe com seus clientes e compartilha das prosaicas conversas de bêbado, mas também e, principalmente, porque em uma das paredes trincadas do bar pende um quadrinho com uma foto, típica de pré-primário. Ele, com ar de bom-comportamento sentado em uma mesa amadeirada, com uma placa reluzindo seu nome, escola e série... A então, 4º série do Ensino Fundamental, formação que ele heroicamente consegui, depois de levar 8 reprovações. “Eu mexo bom bar porque não quis saber de estudar não e meu pai me achava retardado, mas eu não sou não.”

***
Hoje Capelão continua cativando amigos em seu bar, sempre contando algum causo com seu jeito irreverente e bonachão de ser. Mas para garantir o pão da família, ele tem 2 filhos, e não deixar que todos freqüentadores virem amigo e bebam de graça, ele conta com a ajuda de sua esposa - “mulher brava”- como ele a chama, que prepara os quitutes e toma conta do caixa.
PS.: Capelão tem uma comunidade no site de relacionamento do orkut, seus fãs somam 324 pessoas.